quarta-feira, 4 de maio de 2011

9º Dia (sexta feira 22/04/2011)

Essaouira – Safi – El Jadida

Despertámos com chuva neste dia.


Mal pusemos o pé fora do hotel para carregarmos as motos fomos logo obrigados e regressar ao abrigo do mesmo para vestirmos os fatos de chuva.

Parecia que a meteorologia não nos iria facilitar a vida.

O percurso escolhido para nos levar até ao nosso destino, El Jadida, seria todo pela costa e com o mar à vista.

Começamos a rolar, a meio da manhã só já chuviscava alternadamente e perto do almoço pudemos guardar os impermeáveis, pois o sol já se fazia sentir. Pensámos então que afinal não seria assim tão mau.

Soube-nos bem rolar com o mar à vista. Depois de tantos dias onde os maiores percursos de água que tínhamos avistado foram pequenos rios ou a grande reserva de água de Hassan-Addakhil a chegar a Errachidia.

Mas esta paisagem, e apesar como referi de nos saber bem, não deixou de nos desapontar um pouco, comparativamente com muitas paisagens à beira mar que temos no nosso Portugal.
Fez nos lembrar um pouco a costa alentejana junto a Porto-Covo, onde as vacas e ovelhas pastam perto do mar, só com a diferença de ser menos acidentada e mais suja. Também vimos um ou outro camelo a pastar.




















Esta faixa de costa é industrial e está orientada para a modernidade. Grande parte do fosfato do país é produzida aqui

A chegar a Safi, passámos no meio de um enorme tecido industrial de processamento de rocha de fosfato, e outros processamentos químicos, imprimindo uma imagem suja e muito industrial a esta cidade. Nesta cidade está situado um dos principais portos para exportação deste minério.

Safi, que durante os séculos XV e XVI foi governada pelos portugueses está cheia de vestígios desse tempo na sua parte antiga. E ao que parece é o governo português que tem financiado as obras de conservação de alguns locais de referência na cidade, pelo menos foi esta informação dada.


A enorme fortaleza, o Castelo do Mar, à qual passamos mesmo ao lado nesta incursão pela cidade, foi construída durante o reinado de D. Manuel. O soberano contratou para o efeito os melhores especialistas da época, que introduziram ali o que era então uma novidade na arquitectura militar, os baluartes redondos acasamentados. D. Manuel não poupou dinheiro nem esforços para erguer esta poderosa fortaleza, cujas muralhas se elevam a sete metros de altura, têm cinco de espessura e correm ao longo de três quilómetros.

















Infelizmente não dispusemos muito tempo para visitas, e parámos apenas para almoçar.

O almoço revelou-se mais uma vez um costume marroquino, pelo menos a esta hora, uma eternidade.
Queixamo-nos por vezes cá na nossa terrinha, do tempo que certos restaurantes levam para nos atender e servir a comida. Da nossa experiência aqui em Marrocos, principalmente à hora de almoço, desde que se escolhe e se pede a comida até a mesma chegar à mesa leva pelo menos uma a uma hora e meia, e aqui não foi diferente.
Não tivesse sido os confortáveis sofás ou o agradável jardim deste hotel/restaurante Ryad du Pêcheux, de certeza que teríamos desesperado.
















Almoçados, voltamos a rolar para o nosso destino deste dia.

Depois de quase 4.000km feitos desde a nossa saída de Lisboa, e antes de entrarmos na cidade de El Jadida vimos o primeiro acidente automóvel. Um embate lateral entre um pesado e um ligeiro que obrigou-nos a uma longa espera numa fila de trânsito, e com alguma ginástica lá conseguimos ultrapassar este obstáculo e seguir viagem.

Chegados a El Jadida e já dentro do intenso tráfego que se fazia sentir, achámos por bem e antes de assentar praça no Hotel escolhido para passar esta noite, visitar o ex-líbris desta antiga cidade portuguesa, a cisterna.

Aqui e para nos guiar até este local, tivemos a preciosa ajuda de uma simpática rapariga marroquina que no passeio numa das avenidas principais desta cidade esperava um táxi, e que aproveitando a nossa boleia levou-nos rapidamente à medina.

El Jadida (antiga Mazagão), actualmente uma importante cidade portuária, foi fundada pelos portugueses em 1513 no lugar onde existiu outrora uma fortaleza almóada, acabando por se tornar o seu principal entreposto atlântico. Depois do abandono da cidade em 1769, na sequência de um cerco imposto pelo sultão Sidi Mohammed ibn Abdallah, as muralhas foram-se degradando até ao início do século XIX, quando Moulay abd ar-Raham ordenou a sua reconstrução. No interior, a medina recuperou movimento e vida mais tarde por mor da actividade dos comerciantes judeus.
A fortificação é um exemplar valioso da arquitectura militar renascentista, e no seu interior abriga-se, para além da cisterna, a Igreja de Assunção, de estilo manuelino.













A nossa visita começou pela Cisterna Portuguesa, ainda em utilização.


Os portugueses construíram esta cisterna subterrânea em 1514. Foi primeiro um arsenal, depois um depósito de armas, só tendo sido usada como cisterna em 1541.
A cisterna foi descoberta à muito pouco tempo, ficando centenas de anos escondida dos olhos humanos. A sua principal característica era recolher a água da chuva, a fim de abastecer a população portuguesa, na eventualidade de um cerco prolongado.

O realizador Orson Welles filmou partes do filme Othello nesta sumptuosa cisterna, classificada como património mundial da Unesco em 2004, tal como a cidadela de Mazagão, em virtude do seu carácter exemplar como testemunho do cruzamento das culturas europeia e marroquina, na arquitectura, tecnologia e planeamento urbano. Num passeio pelo interior da fortaleza ainda é possível ver placas de ruas com nomes portugueses, como a “Rua da ´Nazareth” .




















De seguida fizemos um pequeno passeio e visita pela fortaleza, onde se pode destacar a Porta do Mar e a vista sobre todo o porto.

De registar a preciosa ajuda de um idoso morador que vestido com a sua Djellaba e num francês bastante perceptível nos guiou nesta visita relatando e orientando-nos e a todo o momento que no seu entendimento o local era merecedor de registo fotográfico, exprimia-se com um “Click, Click”, muito engraçado.







































Visita feita, dirigimo-nos então para o Hotel Ibis Moussafir El Jadida mesmo frente à praia.



O jantar para muitos do nós foi feito num mercado de peixe muito característico.







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