segunda-feira, 2 de maio de 2011

8º Dia (quinta feira 21/04/2011)

Marraquexe – Essaouira

Marraquexe é uma cidade de sudoeste de Marrocos, próxima ao sopé da cordilheira do Atlas, e conhecida como a “cidade vermelha”, a “pérola do sul” ou ainda a “porta do sul”.
Tem quase mil anos. Fundada em 1062 pelo sultão almorávida Yussef ben Tachfin e logo se transformou num dos principais centros culturais e artísticos do mundo muçulmano.

A cidade é a capital da região de Marrakech-Tensift-El Haouz, e possui o maior souk (mercado tradicional) do país, ademais umas das praças mais movimentadas de Africa, a Djemaa el Fna, e a segunda maior cidade de Marrocos, após Casablanca.
À semelhança de muitas cidades norte-africanas e do Médio Oriente, Marraquexe possui uma cidade fortificada (Medina) e uma cidade moderna adjacente (Gueliz).

Para quem nunca pôs o pé fora do continente europeu, entrar em Marraquexe é mais ou menos como descobrir um novo mundo ou ser transportado para uma nova dimensão.
Não é preciso sequer ver os minaretes que rasgam o horizonte para perceber que se está num país islâmico. Basta ouvir o canto hipnótico amplificado pelos altifalantes das mesquitas guiando os fiéis para a oração. Também não é preciso ver o deserto para perceber que ele está ali bem perto. Ele apresenta-se na poeira suspensa no ar e nas casas e muralhas de tons ocres. Mas para realmente captar a alma de Marraquexe é preciso accionar todos os sentidos e mergulhar sem reservas no labirinto da sua zona histórica, entre muralhas milenares.

No início, estranha-se a confusão de gente, bicicletas, motoretas e até carroças que constantemente ameaçam a segurança dos peões, mas depois os sons, as cores e os cheiros dos souks acabam por se entranhar na pele.

Já tocámos no seu nome, a Praça Djemaa el Fna.

Dizer que esta praça é o coração de Marraquexe é, mais do que uma metáfora, é uma evidência incontornável.

É aqui, neste íman que nos atrai numa vertigem exótica, que a vida da cidade pulsa com mais intensidade.
Djemaa el Fna é uma experiência para todos os sentidos, um espectáculo de luzes, cores, sons e sabores. Turistas e locais atropelam-se entre os encantadores de serpentes, músicos, acrobatas, contadores de histórias, dançarinos e até macacos amestrados. A animação é garantida durante todo o dia, mas é sobretudo a partir do final da tarde, quando o sol se começa a recolher, que o coração de Marraquexe bate com mais intensidade. É então que surgem dezenas de restaurantes em bancas no meio da praça, oferecendo desde caracóis a espetadas de carne assada, peixe frito ou outros petiscos.

Não há como fugir ao mistério, que começa logo pelo nome do local, Djemaa el Fna. A explicação de “lugar de reunião dos mortos”, justificada no facto de ali serem outrora expostos os executados, não parece convincente e está longe de reunir consenso entre os historiadores.
Noutros termos, o delírio interpretativo pode tomar as mais dispares direcções ou manter-se, em contrapartida, numa sensata indefinição. “Djemaa” também pode ser traduzido por mesquita, e “Fna” por nada.

Depois de na noite anterior termos cheirado um pouco este ambiente, neste dia e da parte da manhã, fomos explorar um pouco mais desta famosa cidade, em particular a sua famosa praça.
Aqui tivemos oportunidade para mais umas negociações e compras, e presenciar tudo aquilo que já tínhamos ouvido falar.
Ao final de oito dias de viagem, sentíamo-nos já enraizados com todo este ambiente, e apesar dos cuidados lidos e referidos com os aspectos de alimentação, higiene e cuidados a ter, não consegui resistir a um saborosíssimo sumo de laranja natural com gelo local (ainda estou vivo e de boa saúde).

De regresso ao hotel, e no meu caso e o grupo com que estava, apanhámos um petit táxi (táxis que só circulam dentro da cidade e levam até 4 passageiros, ex: Fiats Unos, Peugeots 204) e tivemos o privilégio de participar numa ocorrência digna e muito própria deste país e muito em particular desta cidade.
Este peti táxi para fugir ao intenso tráfego automóvel, a dada altura resolveu uma incursão por uma rua de sentido proibido, e o azar de imediato bateu à porta do simpático motorista. A polícia estava à espreita, parecendo que já adivinhavam a manobra que de imediato o fizeram parar.
Entre uns palavrões (sim, porque para nós portugueses o palavreado entre o policia e o motorista do táxi não se fazia entender), o assunto lá ficou resolvido através de um pequeno suborno por parte do nosso motorista ao polícia.
Interessante, pois quando o mesmo regressou ao seu lugar junto do volante do carro, foi como nada tivesse acontecido.









Como combinado, e já com o almoço tomado, reunimos o grupo e pelas 13h00 fizemo-nos à estrada.

O percurso que nos levou até ao destino seguinte desta nossa viagem, Essaouira, constituído por rectas infindáveis, mostrava uma paisagem monótona e sem registo.

De registo foi o nosso encontro com dois polícias que se encontravam escondidos à caça da multa por excesso de velocidade.
É verdade, fomos apanhados em excesso de velocidade, cerca de20km/h a mais do que o permitido.
Apesar de termos prevaricado, as autoridades demonstraram-se muito simpáticas e de uma correcção acima do espectável.
Fomos três apanhados, mas as referidas autoridade foram condescendentes e propuseram multar só um de nós (30Dirhams – 30€) desde que dividíssemos a multa pelos três prevaricadores.

Ninguém gosta de ser multado, mas encarámos esta experiência como parte integrante desta viagem, e algo a contar no futuro aos nossos filhos e netos.

Chegados a Essaouira, mais propriamente ao Hotel Ibis Moussafir Essaouira, descarregámos a nossa bagagem e pusemo-nos mais à vontade.


Partimos de seguida à conquista do conhecimento desta terra que nos acolhia.

Cidade Património da Humanidade, Essaouira, na costa marroquina, mantém o charme e a autenticidade de uma terra perdida no tempo. Sob a protecção dos ventos do Atlântico.
Com uma localização estratégica, esta velha conhecida dos portugueses, Essaouira é a antiga Mogador que Portugal invadiu no século XVI. Foi redescoberta nos anos 60 por viajantes solitários e pelas vagas de hippies enamorados de Marrocos. Pouco depois, como um segredo que se revela apenas a bons amigos, esta povoação amuralhada da costa atlântica, conhecida como a “Bela Adormecida” pela sua autenticidade anacrónica, tornou-se um local mítico para uma pequena elite de intelectuais, uma espécie de refúgio-fetiche de pintores, escritores, músicos, actores e realizadores cinematográficos do mundo inteiro.

Simples e despretensiosa, a minúscula medina de Essaouira encerra um conjunto de pequenos edifícios caiados de um branco imaculado, pontuado aqui e ali pelo azul-marinho das portadas das janelas. Ruas estreitas e angulosas procuram proteger os moradores dos fortes e constantes ventos alísios vindos do Atlântico que se entranham no recato dos lares muçulmanos.
Mais uma vez e dentro do ambiente contagiante da medina desta cidade, soltámo-nos e voltámos à famosa negociação nas compras que fazíamos.




Final deste dia foi feito à mesa de um restaurante típico numa das praças desta bela cidade.























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