Marrocos

Marrocos, (em árabe: المغرب, al-Maġrib; em berbere: Amerruk/Murakuc), oficialmente Reino de Marrocos, país ensolarado no noroeste da África, surpreende os que imaginam apenas paisagens desérticas pela sua diversidade de elementos naturais, com lagos e cascatas assim como desertos e montanhas.
Quem diria que da aridez do país desértico surgem cascatas de 60 metros de altura ou florestas com cedros centenários? Não esquecendo os milhares de quilómetros de litoral, repartidos entre as águas do oceano Atlântico e do Mar Mediterrâneo e a neve que pontua os cumes da Cordilheira Atlas no inverno.
É comum associarmos Marrocos ao Saara, uma vez que metade de seu território é ocupado por este deserto sendo que o próprio nome do país surgiu dele - Marrocos - A Terra do Sol Poente.

As principais cidades marroquinas (as cidades históricas imperiais, que fundamentaram a colonização árabe islâmica, a partir do século VII, e se tornaram centros políticos na sua época) são quatro: Fez, Marraquexe, Rabat e Meknes.
Todas revelam traços que caracterizam a tradicional arquitetura urbana marroquina: uma Medina (centro comercial e residencial), uma mesquita central, o palácio real, o mellah (bairro judeu) e os souks (mercados), tudo cercado por uma muralha que servia para fortificar a cidade.
Todas as cidades, curiosamente, são definidas por uma cor básica nas suas construções: Marraquexe é a cidade vermelha, Meknes, a verde; Fez é a amarela e Rabat a cidade branca. Rabat, a capital do país está localizada no litoral atlântico, sendo a única das cidades imperiais que conserva a sua importância política.

Apesar da pobreza aparente, comum nas ruas de qualquer país árabe, Marrocos é um país potencialmente rico. O seu território oculta 75% das reservas mundiais de fosfato, razão de tanta divergência por apenas uma faixa de areia... Na verdade, Marrocos é o maior exportador do mundo deste produto valioso. Possui também uma agricultura fértil e campos irrigados por todo o interior do país, além de indústrias estáveis de turismo e pesca.


Marrocos está inserido na região do Magrebe, vasta área do Noroeste de África que engloba Marrocos, Argélia e Tunísia . Marrocos ocupa uma área de 710.850 quilómetros quadrados limitados ao norte pelo Mar Mediterrâneo, ao oeste pelo oceano Atlântico, ao sul pela Mauritânia e ao leste pela Argélia.

Marrocos caracteriza-se por ser um país montanhoso, destacando-se duas cadeias montanhosas: o Rif, com a orientação noroeste-sudeste, que faz geologicamente parte das cordilheiras do Sul da Península Ibérica, e que tem como ponto mais alto o monte Tidirhine com 2456 m; e o Atlas, no Centro do país, com a orientação este-oeste, cujo ponto mais alto é o monte Tubkal (4165 m). A leste, situa-se a bacia do Muluya, uma região de terras baixas, semiárida, criada pela erosão do rio Muluya. Mais a leste e a sudeste, encontram-se os altos planaltos, com cerca de 1000 metros de altitude. No Sul, iniciam-se as terras áridas do deserto do Saara.

Marrocos é um país muçulmano em que as influências espanholas e francesas se adaptaram à rica tradição cultural árabe e berbere. O seu território, cortado por cordilheiras altas, é de um modo geral menos quente e seco que os países vizinhos.
O Saara Ocidental, território limitado a leste e a sul com a Mauritânia e a oeste com o Atlântico, foi anexado por Marrocos, apesar dos protestos internacionais e de grupos nacionalistas, depois de a Espanha se ter retirado da região, em 1975. Não se considerando o Saara Ocidental, Marrocos possui uma superfície de 458.730km2 (710.850km2 com o Saara Ocidental). O governo marroquino ainda reivindica à Espanha as localidades espanholas de Ceuta e Melilla e as ilhas Chafarinas.

Variável de acordo com a latitude, o clima é mediterrâneo no norte e desértico no sul. A influência do Atlântico é importante, porque os ventos húmidos e a corrente oceânica fria procedente das ilhas Canárias reduzem a temperatura na faixa litoral.

As montanhas têm um importante papel na vida económica do país, pois são as principais geradoras de água para irrigação das planícies. Nascem ali os grandes rios permanentes que correm para o Atlântico, como o Sebou, o Bou-Regreg, o Oum-er-Rbia, o Tensift e o Sous. Para o Mediterrâneo corre o rio Moulouya e para o interior do Saara, o rio Dra e Dades. Na sua maioria, no entanto, os rios marroquinos são temporários/sazonais.

Fora das áreas desérticas, a vegetação de Marrocos assemelha-se à da península ibérica. Ao longo do litoral, predomina o maqui, vegetação arbustiva típica da área mediterrânea, que, no Rif, dá lugar à floresta de coníferas. Os planaltos são cobertos por estepes, enquanto ao longo do litoral atlântico se observam vastas áreas de sobreiros. O Médio Atlas possui magníficos bosques de cedros e, a sul do Anti-Atlas, a vegetação é do tipo desértico.

A população marroquina é de origem árabe e berbere, embora as diferenças entre os dois grupos sejam mais linguísticas que raciais. A língua berbere, apesar de ter sofrido forte influência do árabe, conservou-se nas regiões montanhosas. Os povos de língua berbere dividem-se em três grupos etno-linguísticos: os rif, da cadeia do Rif; os tamazight, do Médio Atlas; e os shluh, do Alto Atlas e da planície do Sous. O resto da população fala árabe e é formada por berberes arabizados, assim como de um pequeno número de beduínos que chegaram a Marrocos com o exército islâmico no século VII ou com a tribo invasora hilal nos séculos XI e XII.

A população concentra-se nas planícies, planaltos e colinas do noroeste do país. As regiões áridas do leste e do sul e os montes Atlas são muito pouco povoados. Com uma população bastante jovem no final do século XX, Marrocos apresentava uma alta taxa de natalidade e crescimento demográfico elevado.

Marrocos é um dos poucos países árabes com potencial para alcançar a autossuficiência na produção de alimentos. Entre os principais produtos agrícolas estão o trigo, a cevada, as frutas cítricas e a batata. O país exporta verduras e frutas para o mercado europeu e é autossuficiente na produção de carne, embora necessite importar leite. O governo concede licenças a barcos espanhóis, japoneses e soviéticos para pescar nas suas águas, com a condição de que ajudem Marrocos a executar programas de expansão da sua indústria pesqueira.
Apesar de seu potencial agrícola e pesqueiro, a economia de Marrocos baseia-se na mineração. O país concentra as maiores reservas mundiais de fosfato e extrai também ferro, zinco, chumbo, manganês, cobre e pirita (sulfato de ferro do qual se extrai enxofre) em grandes quantidades.
A atividade industrial mais importante é a transformação de fosfato em fertilizante e ácido fosfórico para a exportação, além da produção de artigos têxteis e alimentícios. O país também investe na indústria pesada e oferece estímulos fiscais para atrair capital estrangeiro. Como fontes de divisas, o turismo e as remessas por parte de marroquinos que trabalham no exterior são praticamente equivalentes às exportações de fosfatos.

Um pouco de História... No século XII a.C., os fenícios instalaram feitorias no litoral mediterrâneo e atlântico, de onde passaram a controlar o comércio de prata e ouro procedente do interior. Mais tarde os cartagineses fundaram entrepostos comerciais no litoral marroquino. Com a destruição de Cartago, em 146 a.C., o domínio de Roma substituiu junto dos reinos berberes a suserania púnica, e, na época de Augusto, o território passou a integrar a nova província romana da Mauritânia Tingitana. O domínio romano terminou com a chegada dos vândalos, povo germânico que, procedente de Espanha, manteve um reino na região até o ano 534 da era cristã, quando foi destruído pelo exército bizantino de Belisário.
A invasão árabe no século VII foi o acontecimento mais importante da história da África setentrional, em virtude da incorporação de fundamentos religiosos, políticos e culturais do Islão. Após 63 anos de resistência berbere, a conquista completou-se no ano 709. Dois anos depois, os árabes contaram com a ajuda dos berberes islamizados para conquistar a península ibérica.
Um descendente de Maomé, Idriss I, refugiou-se em 786 em Marrocos, onde fundou uma dinastia independente do califado abássida de Bagdá. Idriss II estendeu seus domínios para sul e leste e transformou Fez num grande centro religioso e cultural. No século XI, os almorávidas, berberes provenientes da Mauritânia, invadiram o país e estenderam o seu domínio a Espanha. Um século depois teve início o movimento religioso, logo transformado em político, dos almôadas, que fundaram um império consolidado também em parte da península ibérica. No século XIII surgiu um novo império em Marrocos, o dos marínidas berberes, que se impôs ao decadente poder almôada.
Em 1415, os portugueses fundaram feitorias em Ceuta (que depois passaram ao domínio espanhol) e em outros pontos do litoral, mas Marrocos conseguiu conter a invasão europeia, na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, e, no fim do mesmo século, a dos turcos, que haviam conquistado grande parte do norte da África. Com a abertura de novas rotas marítimas, o comércio através do Saara foi abandonado, e o país entrou em declínio como consequência de uma grave crise económica. Em meados do século XVII fundou-se a dinastia dos álidas, que se proclamaram descendentes de Maomé.
Com a invasão francesa da Argélia em 1830, Marrocos começou a envolver-se nas lutas colonialistas contra as potências europeias. O país prestou ajuda militar aos argelinos, mas as forças marroquinas foram derrotadas pelos franceses em 1844. Em 1859, uma disputa com a Espanha pelas fronteiras do enclave de Ceuta provocou uma guerra na qual as forças marroquinas saíram derrotadas. O sultanato álida teve que pagar uma pesada indemnização e ceder à Espanha o enclave de Ifni.
Em 1904, o Reino Unido reconheceu os interesses franceses em Marrocos, e, no mesmo ano, França e Espanha chegaram a um acordo que assegurava aos espanhóis o norte do Marrocos como área de influência. A Conferência Internacional de Algeciras, em 1906, reconheceu a integridade territorial do império marroquino, ao mesmo tempo em que legitimou a preponderância de França e Espanha no país. Em 1912 estabeleceram-se os protetorados francês e espanhol. A França ficou com a maior parte do território, e à Espanha couberam os territórios do Rif e de Ifni.
Em 1921 iniciou-se no Rif uma insurreição contra os espanhóis, comandada pelo emir Abd al-Krim. A rebelião anticolonialista estendeu-se à zona de influência francesa, mas foi dominada em 1926 pelas forças franco-espanholas. Em 1936, durante a guerra civil espanhola, tropas marroquinas lutaram sob as ordens do general Francisco Franco na península ibérica. Em 1943 surgiu no protetorado francês um partido separatista. O sultão Mohamed ben Yusuf (Mohamed V) aderiu ao movimento nacionalista e dez anos depois foi deposto pelos franceses por não ter aceite sancionar reformas que lhe limitavam o poder. A Espanha, que não havia sido consultada, negou-se a reconhecer a deposição e acolheu patriotas marroquinos no seu protetorado. Preocupado com a rebelião argelina, o governo francês concedeu a independência a Marrocos em 2 de março de 1956, e Mohamed ben Yusuf voltou ao trono. Em abril do mesmo ano, a Espanha renunciou aos territórios do seu protetorado no norte, e Marrocos, parcialmente unificado, tornou-se independente, adotando o regime de monarquia constitucional em 1962.
Ao obter a independência, Marrocos tinha aceite e reconhecido a legitimidade das suas fronteiras em tratados com a França e a Espanha. O partido Istiqlal e outros grupos nacionalistas reivindicaram, contudo, o que chamavam de Grande Marrocos, território que, a leste, avançava pelo Saara argelino e, ao sul, chegava até o rio Senegal e incluía o Saara Espanhol e a Mauritânia, assim como vastas regiões da Argélia, Senegal e Mali. Marrocos pretendia anexar dois milhões de quilômetros quadrados (mais de quatro vezes a extensão de seu território na época) escassamente povoados, mas ricos em recursos minerais.
O governo marroquino conseguiu cumprir parte do seu ambicioso programa. Em 1958, a Espanha passou para Marrocos a zona sul do protetorado espanhol, Tarfaya, e em 1969 devolveu Ifni. O rei Hassan II, que sucedera a seu pai, Mohamed V, em 1961, encabeçou em 1975 a Marcha Verde, integrada por 350.000 marroquinos desarmados que penetraram no Saara Espanhol e forçaram a Espanha a abandonar o território. Em 1976, o país iniciou uma guerra com a Frente Polisario (Frente Popular para a Libertação da Saguia el Hamra e Río de Oro), que lutava pela independência do território ocupado pelos marroquinos e rebatizado com o nome de Saara Ocidental. Em 1986, o país conseguiu assegurar dois terços do território. O estreitamento das relações com a Argélia, em 1987 e 1988, juntamente com uma proposta de paz das Nações Unidas, aceite por Marrocos, prenunciou uma solução para o problema, mas a ação militar da Frente Polisario, no ano seguinte, interrompeu as conversações.
A constituição de 1992 estipula uma monarquia constitucional modificada, na qual o chefe de estado é um rei hereditário. O poder legislativo cabe a uma assembleia unicameral, de 333 membros, com mandato de seis anos. Destes, 222 são eleitos por sufrágio universal, e 111 escolhidos por um colégio eleitoral formado por conselheiros municipais e representantes de entidades profissionais. O poder executivo é exercido pelo rei, que nomeia (e pode demitir) o primeiro-ministro, que por sua vez indica os demais membros do gabinete. O rei pode também dissolver a Assembleia.
O país tem um sistema multipartidário, cujos principais partidos são o Istiqlal (Partido da Independência), o Movimento Popular e a União Nacional das Forças Populares. O território divide-se em províncias e autarquias urbanas.

Embora o governo tenha investido na medicina preventiva, por meio do aumento do número de dispensários e centros de saúde, metade da população rural não tem acesso a esses serviços. Antigas doenças endémicas, como tracoma, tuberculose e cólera, foram erradicadas. A incidência de outras doenças, como a hepatite, permanece elevada, enquanto novas doenças, como a esquistossomose, tornam-se mais frequentes.

O ensino é obrigatório entre os 7 e 13 anos de idade. Apesar dos programas educativos do governo, o analfabetismo entre a população é grande. No final do século XX, metade dos alunos do curso primário atingia o ensino secundário, e um entre dez chegava à universidade. Na mesma época, a educação absorvia um quarto do orçamento nacional.

A comida é descrita como muito saborosa. Come-se muito carneiro e frango, tudo regado com azeite. Não deixe de provar o Cuscuz Royal, feito com uma farinha de sêmola abundantemente humedecida pelo molho do cozimento de legumes variados, servida com tâmaras e carne, geralmente de carneiro. Atenção à pimenta, pois a comida marroquina é muito apimentada. Além desta delícia, tente provar a Pastella, uma espécie de torta de massa folhada, meio doce, meio salgada, de sabor único. Tudo sempre acompanhado da bebida oficial do país, o chá de menta, que nunca falta, mais ainda se estiver negociando preços com um comerciante. Aliás, negocie, pechinche muito que os descontos podem chegar até 60%. Tente ter contato com algumas tribos do deserto que aparecem nos arredores das cidades para negociar camelos e outras coisas. Vale a pena...
No jantar marroquino, as mesas geralmente não ficam preparadas, pois os pratos são trazidos pouco a pouco. Uma empregada ou um membro mais jovem da família (sempre uma mulher) traz uma bacia de metal com sabão no meio, às vezes feito de esculturas artesanais, e água em volta. As mãos são lavadas e uma toalha é oferecida para secá-las. Os marroquinos têm o costume de beber chá de menta antes e depois da refeição. Agradecem a Deus dizendo "Bismillah". Eles comem primeiramente de um prato comunitário, com a mão direita, o polegar e os dois primeiros dedos. No fim das refeições agradecem novamente dizendo "All Hamdu Lillah" que quer dizer: Graças a Deus, e repetem o ritual de lavar as mãos.

Marrocos está dividido em 16 regiões (capitais entre parênteses):

  1. Chaouia - Ouardigha (Settat)
  2. Doukkala - Abda (Safi)
  3. Fès - Boulemane (Fès)
  4. Gharb - Chrarda - Béni Hssen (Kenitra)
  5. Grand Casablanca (Casablanca)
  6. Guelmim - Es-Semara (Guelmim) (*)
  7. Laâyoune - Boujdour - Sakia El Hamra (Laâyoune) (*)
  8. Marrakech - Tensift - Al Haouz (Marrakech)
  9. Meknès - Tafilalet (Meknès)
  10. Oriental (Oujda)
  11. Oued Ed-Dahab - Lagouira (Dakhla) (*)
  12. Rabat - Salé - Zemmour - Zaer (Rabat)
  13. Souss - Massa - Draâ (Agadir)
  14. Tadla - Azilal (Béni Mellal)
  15. Tanger - Tétouan (Tanger)
  16. Taza - Al Hoceima - Taounate (Al Hoceima)

(*) As regiões indicadas por asteriscos estão parcialmente ou totalmente localizadas no Saara Ocidental.
As regiões estão subdivididas em 61 autarquias e províncias.






Em 2003, a população era de 31 689 263 habitantes, que vivem principalmente nas áreas planas a norte e oeste da cadeia do Atlas. A esperança média de vida é de 70 anos. Estima-se que, em 2025, a população seja de 42 553 000 habitantes. Os árabes representam cerca de 70% da população e os berberes 30%; todas as outras etnias não chegam a corresponder a 1%. A religião dominante é a muçulmana sunita (99%). A língua oficial é o árabe.

2 comentários:

Unknown disse...

Peter,
depois de ler estas informações e história sobre Marrocos, só falta mesmo ir a Marrocos e com todos os sentidos apurados e usufruir de uma Cultura Milenar,tão acolhedora e hospitaleira :))
Hugs :))

Unknown disse...

Pois é a Ana disse.....estava com o email da Ana heehh, foi o João Roque que disse, com a concordância da Ana...............e que pena não irmos também :))

Hugs :))

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