segunda-feira, 18 de abril de 2011

2º Dia (sexta feira 15/04/2011)

Apesar de só termos o Ferry de Algeciras para Tanger Med às 11h00 da manhã, entendemos e para salvaguardar algum contratempo inesperado, levantar cedo e fazer os cerca de 25kms de Tarifa para Ceuta nas calmas. Apesar de já termos comprado as passagens via internet, método que aconselho vivamente, por tornar o processo muito mais fácil no porto de embarque, a chegada ao referido porto foi algo confusa. Como já referi o Ferry estava apontado para sair às 11h00, o que não se veio a verificar.
Um atraso de cerca de uma hora e meia começou a trocar-nos as voltas.


Durante a travessia, que se mostrou um passeio no parque, pois como dizem os marujos, estava um mar chão.
tivemos que ir para uma longa fila (isto dentro do barco) onde começaram as formalidades alfandegárias. O tempo da travessia foi de hora e meia e muitos de nós fomos obrigados a passá-la de pé para poder tratar das tais formalidades alfandegárias, isto porque apenas se encontrava um policia marroquino, à paisana e descalço sentado numa mesinha, que mais parecia improvisada, a verificar os passaportes de cada um dos passageiros, e a proceder à respectiva carimbadela.



Chegados ao porto de destino, Tanger-Med, local escolhido de chegada por nos terem informado ser um novo porto, com instalações novas e onde todo o restante processo alfandegário seria tratado com bastante rapidez (sim, porque no barco tratou-se da parte mais fácil), apanhámos mais outra seca de cerca de duas horas de formalidades – dar entrada temporária das motos (chamada importação temporária), fazer o registo informático da cada um de nós (passaporte) – e isto tudo debaixo de um sol abrasador.




Formalidades tratadas, e com muita ansiedade por começar a rolar, lá arrancámos directos a Tetuan, primeira cidade a ser visitada.

Sendo a primeira vez em Marrocos, e depois de tanto ouvir os cuidados nas estradas e também com as velocidades, pois ao que parece os controlos de radar são muitos, rolámos sempre muito devagar, de forma a começar a sentir o pulso a esta nova civilização e forma de estar ao cimo da terra.

Na estrada encontrámos de tudo, condutores cuidadosos, que não passavam do 50km/h, como outros que se metiam à nossa frente sem mais nem quê, e ainda agradeciam e diziam adeus.





Chegados a Tetuan, deparámo-nos com uma cidade.com um trânsito confusíssimo, onde mais uma vez, os carros se metiam à nossa frente sem qualquer pudor, e até nos diziam olá e nos perguntavam de onde vínhamos. Foi numa destas paragens e num semáforo, que um indivíduo numa acelera, meteu conversa connosco e por ter visto na traseira das motos a identificação do nosso querido Portugal, virou-se para mim com uma frase que mais tarde vim a saber que traria água no bico
–“Portugueses…, é uma casa portuguesa com certeza…, e num portunhol nos perguntou para onde queríamos ir”.
Claro e óbvio, com uma simpatia destas, tratámos de dizer que pretendíamos ir para a Medina.
“Portugueses, segue-me que vos levo lá…”
Claro que respondemos, muchas gracias, olha que simpático.
Mais à frente e noutra paragem por causa de um vermelho, parou outro individuo, com a mesma lenga lenga, ao qual respondemos com um obrigado, mas já tínhamos um amigo a guiar-nos.
-Tuto bem (portunhol, se é que me faço entender)
E lá fomos ruas acima, no meio de um trânsito muito confuso, e com algumas paragens para que o nosso “guia” pudesse ir cumprimentando algumas pessoas que passavam na rua.
Chegados a um local relativamente ermo, mesmo ao lado da muralha da Medina, quando vejo que o segundo indivíduo também nos estava a acompanhar, percebi logo que tínhamos sido apanhados na vasta rede de guias do desenrasque que existe em Marrocos.
Mal saí da moto, comecei logo a negociata.
- Quanto és lo precio para lo grupo todo?
Ao qual me respondeu um deles, com um sorriso malicioso na cara
-Amigo, para todos, 500 Dirhams.
Pelo que li e ouvi na minha vasta pesquisa para esta viagem, uma coisa sempre foi comum, a discussão dos preços. Mal os pés postos nesta terra, comecei logo na negociata.
-Non, te ofereço por todos 200Dirhams.
Resposta do marroquino.
-350 Dirhams, que fico com 50 para mi e lo meu amigo 300.
E eu logo de seguida.
-200Dirhams, e não mais.
Ao que aceitou sem mais discussão. Dinheiro que veio a demonstrar-se bem empregue, pois além de termos recebido uma belíssima visita guiada pela Medina, ainda tivemos direito a uma demonstração de venda de tapetes marroquinos, e que belos tapetes que vimos.
O problema mesmo, mais para os marroquinos, pois por muita vontade que eles tivessem, não fizemos qualquer aquisição.





Saídos de Tetuan tínhamos ainda cerca de 100kms para fazer para o nosso destino final deste dia, Chefchauen.
Levámos cerca de quase 2h30 para fazer este percurso, pois efectivamente é bastante complicado conseguir circular acima dos 80kms/h nas estradas que encontrámos, muito sinuosas, com muito tráfego, especialmente de camiões, muitos, que nos obrigavam muitas vezes a circular entre a 2º e a 3ª velocidade de caixa.
Chegámos extremamente tarde para o que tínhamos previsto, e resolvemos jantar no hotel dando por terminado o dia.
O dia não podia terminar sem mais uma negociação, da qual saímos a perder.
O jantar no hotel teve que ser negociado. Começou em 140Dirham (14€) por pessoa, escolha à lista e tudo incluído. Como achámos muito, começou a negociação e no final ficou acordado 120Dirham (12 €) por pessoa.
Hora de jantar marcada, aproveitámos para tomar um banho e recompormo-nos.
Já no jantar apercebemo-nos que nos estavam a enganar, pois não estavam a prestar o serviço que tínhamos combinado previamente.
No final da refeição, procedemos à respectiva reclamação na recepção do hotel. Isto de andar em Marrocos tem as suas manhas.

A paisagem que tivemos desde que entrámos em Marrocos foi tipicamente mediterrânica, muito parecida com muitas paisagens encontradas no sul de Portugal e mais ainda em Espanha.
A paisagem urbanística apenas mostrava um pouco de degradação. Depois de Tetuan, a serra acompanhou-nos até Chefchauen, o Rif.

Sem comentários:

Enviar um comentário